sexta-feira, 22 de abril de 2011

tic-tac

o tic-tac do relogio/marcando horas imaginária/lentidão da densidade/que invade o espaço real/a solidão da dor/o cansaço da agonia/vendavais vivos que cortam as carnes/indefesas e anônimas/porque dormentes e adormecidas/como se a outro corpo pertencessem/ agonia gritante e devassa/desse martirio lento e sufocante/que jorram lágrimas sentidas de um corpo martirizado/ essa solidão perversa, cruel/que assalta os sentidos quase adormecidos/tic-tac na hora que como roldana te mantem prisioneira sana na insanidade da dor...

sexta-feira, 18 de março de 2011

LÁGRIMAS

inerte, na estática total e
mais absoluta no eco de
todos os silêncios reunidos
da armadilha fatal do aprisionamento
mental e visceral de todos os sentidos
paralisados e acorrentados...
encaixotada nos ângulos
matemáticos dos 90 graus
de recesso absoluto
de todas as funções humanas
que movem as artérias musculares...
porca! literalmente porca
na sua cronometrada pocilga...
só as batidas coronárias se ouvem
no cubículo programado
para seu mijadouro de dor...
na fresta meios corpos aparecem
e só as lágrimas derretem...
pés que tocam, que pisam,
que provocam, que insinuam...
minhas faces pegam fogo,
incendeiam, latejam, se avermelham...
minhas lágrimas escorrem
e banham os pés que me pisam...
e nessa dor o delírio,
a fantasia, a satisfação
da outra metade do corpo
que racionalmente trabalha
no frescor das águas que escorrem...
porca  visceralmente ignóbil
na sua inocência santificada...
na dor, totalmente sacrificada
em benefício do todo...

SILÊNCIO

gritos,urros, desavenças...
discussões, ritmos dissonantes,
falas arranhadas, discussões quebradas...
é a trombeta que não para de chiar
e que torna meus ouvidos surdos...
desafinos gritantes que atordoam
o silêncio do mar profundo
que adormece em sonhos
e desperta no desespero...
me quedo no atordoante
simbilar de vozerios
que não param de gritar...
cadê o sono lubrificador
que tampam meus ouvidos
ensudercidos de insanidade?
minha voz não alcança
a balbúrdia do coro
que grita desvairada cada vez mais...
minha voz é a lágrima
silenciosa da paz, do sossego,
da esperança do silêncio
que nunca vem...
ameaças, palavrões, discórdias...
eu sonho e choro e me iludo
com o oceano profundo
que acalenta meus sonhos
dos desejos não realizados...
eu quedo, eu caio, eu rolo
de pedra em pedra
me ferindo na bagunça
incessante do atordoamento
ignóbil da gritaria universal...
as roldanas giram,
absorvendo escravos da miséria
barulhenta do gritar mais alto...
a máquina continua
potente na escalada mórbida
de potentes fracassados...
provar o que? para quem?
quero silêncio para adormerecer
na singeleza da gentileza
do meu sonho maior...

LÍNGUA

língua sedenta...
egoísta, malquista,
obsecada e delirante...
língua sedenta...
percorre céu da boca,
salivas molhadas,
gargantas secas...
língua sedenta
com coração,olhos,
estômago, imaginação...
língua sedenta de afeto
em meio ao racional...
dançante, equilibrista
em meio as retas metálitas
que cortam e esfaqueiam
o sangue que jorra
da língua dançante...
pústulas escorrem
das falas malidicentes
que a língua cospe
por amor condicional...
língua sedenta
no desprezo de bocas
que beija sem pensar
a procura da língua,
da alma gêmea flamejante
que a engula e compactue
a dança frenética e sedenta
da língua flamejante...
língua sedenta de presença,
de saudade, de assombro...
saudades do vício
da língua procurada
que se entrega a línguas
que procuram o vão...
língua... línguas separadas...
solistício da emoção...

sábado, 5 de março de 2011

RETAS

uma linha imaginária corta o espaço...
reta no ângulo geométrico de noventa graus...
seca, fria, inviolável no seu obtuso
raciocínio traumático e culposo....
gira o mundo e gira a vida
em trezentos e sessenta graus
que pedem a revisão do produto pronto...
mas o ângulo retilíneo segue reto
na sua decisão obtusa do não conserto....
musicalidade que se perde
no ar nebuloso do desejo....
as quedas acontecem de maneira
caminhadamente corretas nas estradas
que se bifurcam pedindo emendas...
mas a reta continua seu caminho
completamente surda aos apelos
advindos da orquestra imaginária...
os cometas cortam o espaço
procurando a matéria viva
para tocarem, cheirarem, sentirem
a existência humana indefinida,
amorfa, invisível, incolor
que procuram desesperadamente
no caminho dessa reta obtusa...
até quando o tempo continuará?
até quando a reta caminhará tão reta?
um movimento curvilíneo vivo
que amarre, dobre, enlace
a atmosfera que respira e sussurra
pela carne suspirante do toque...
Clamor! Fogo! Entranha!
retas reais e não imaginárias...

PRIORIDADES

PRIORIDADES NASCEM, SE DESENVOLVEM, PROCRIAM....
CRESCEM NO SER HUMANO COMO A RAIZ FINCADA
NOS SEUS ALICERCES DE SOLO COM LENÇÓIS SUBTERRÂNEOS
QUE ENRAIZAM NO CORAÇÃO, NA MENTE, NO CAMPO FÍSICO...
PRIORIDADES...
O RACIONAL SE ADIANTA NO GALOPE ALUCINADO
PELAS ESTRADAS TRAÇADAS DO ENUNCIADO
CARTESIADO DE DESCARTES...
ORDENADAS ABSOLUTAS QUE REGEM
O DESPOTISMO ESCLARECIDO DA ESCALADA APARENTE...
PRIORIDADES...
FAMÍLIA, TRABALHO, TRABALHO DE NOVO,
ALIMENTO DO CORPO, CONVERSAS, TELEFONEMAS,
TRABALHO, DESCANSO, VIAGENS, PASSEIOS,
TRABALHO.... FINAIS DE SEMANA, SOCORROS TRABALHISTAS,
HAPPY HOUR, BATE-PAPO, QUEBRA-GALHOS PROFISSIONAIS,
AUXÍLIOS DE TRABALHO, REUNIÕES, SOCIAIS...
PRIORIDADES....
E A LISTA VAI CRESCENDO....
TOPO E FIM INFINITOS...
IMPORTÂNCIAS FUNDAMENTAIS
PARA A JORNADA HUMANA RACIONAL...
E ONDE FICA O RESTO?
EXISTE TEMPO PARA O RESTO?
FUNDAMENTAL OU NÃO É RESTO...
SÓ SE HOUVER SOBRA DE TEMPO
E A LISTA DAS PRIORIDADES NÃO AUMENTAR...
NÃO NO FINAL...
MAS NA SOBRA DAS PRIORIDADES...
PRIORIDADES REGEM, MANDAM...
DÉSPOTAS SEM CORAÇÃO...
É TEMPO DE PRIORIDADES,
É TEMPO DE AÇÕES...
NADA DE RESTOS....
PRIORIDADE É TUDO! RESTO É NADA!
PRIORIDADES SEM EMOÇÕES, SENTIMENTOS, FANTASIAS...
PRIORIDADES PURAMENTE CARTESIANAS,
FILHAS DE DISCÍPULOS FILÓSOFOS
DA RACIONALIDADE ABSOLUTA!
AS PRIORIDADES SÃO REAIS...
TUDO MENOS O RESTO!

sábado, 18 de setembro de 2010

Deus! Que dor!
Não consigo mais pensar senhora!
Com essa dor que me trucida,
que mata a minha carne,
massacra meus sentidos...
Meus sentidos atentos as suas ordens...
Crueldade atroz,
crueldade que me excita,
crueldade que me desespera,
crueldade que me aproxima de ti,
do querer e do não querer,
do desejar e não desejar,
na unicidade e na duplicidade...
Dor e prazer,
delírio e êxtase,
sem noção mais de querer
limites, distâncias...
Dor! Só dor que anestesia,
que sangra e devora...
Misericórdia para uma cadela,
piedade para a tua cadela!
Eu me quedo a teus pés
e ofereço-te essa dor em sinal de devoção,
para que possas ter a misericórdia
de a aceitares!
E ofereço-te meu pranto,
meu sofrimento,
só para obter tua misericórdia!
Escuta-me senhora!
Ouça meu latido!