sexta-feira, 18 de março de 2011

LÁGRIMAS

inerte, na estática total e
mais absoluta no eco de
todos os silêncios reunidos
da armadilha fatal do aprisionamento
mental e visceral de todos os sentidos
paralisados e acorrentados...
encaixotada nos ângulos
matemáticos dos 90 graus
de recesso absoluto
de todas as funções humanas
que movem as artérias musculares...
porca! literalmente porca
na sua cronometrada pocilga...
só as batidas coronárias se ouvem
no cubículo programado
para seu mijadouro de dor...
na fresta meios corpos aparecem
e só as lágrimas derretem...
pés que tocam, que pisam,
que provocam, que insinuam...
minhas faces pegam fogo,
incendeiam, latejam, se avermelham...
minhas lágrimas escorrem
e banham os pés que me pisam...
e nessa dor o delírio,
a fantasia, a satisfação
da outra metade do corpo
que racionalmente trabalha
no frescor das águas que escorrem...
porca  visceralmente ignóbil
na sua inocência santificada...
na dor, totalmente sacrificada
em benefício do todo...

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