quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PRISÃO...

A prisão é o que almejo
E não a liberdade dessa porta...
São essas correntes,
As tuas correntes,
Que me trancafiam
Com os teus cadeados...
Que elas me enforquem,
Que elas me envolvam
E me cortem a pele
Cada vez mais fortes...
Que elas me queimem
E me façam mugir
Como uma vaca profana
E uma cadela insana...
Sim! Prefiro a mão que me repudia
Ao beijo que me engana...
A frieza que me esmaga
Ao carinho que me falseia...
Tua escravidão!
Minha libertação!

PAREDES

Estou encarcerada...
Quatro paredes me cercam...
Não há nenhum ruído...
Só os que ouço muito distantes...
Algumas vozes distorcidas,
A água que pinga,
Passos que se aproximam e,
Ao mesmo tempo, se afastam...
Perdi a noção das horas,
Do tempo, do dia e da noite...
Esqueci o cheiro da relva
E das flores e da terra...
Só sei dos outros odores
Que me tocam na escuridão...
Fedores, cheiros fétidos...
E assim eu grito,
Já na voz que não tenho,
Pelas palavras que apenas balbucio...
Esses sons batem nas paredes
Com um jogo pingue-pongue,
Fazendo eco nos ladrilhos
Da minha própria alma....
Tentam atravessar as grades
Que trancam a janela da liberdade...
Elas voltam para dentro
E empalam minha garganta...
Trazem a luz e a treva!
Trazem o grito!
O grito que ecoa...
O grito do infinito!
A SOLIDÃO.........................
A LIBERDADE................

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

AS PAREDES QUE ME CERCAM....

CÉREBRO

Pensar, pensar sem parar...
Meu único movimento permitido...
Um cérebro pensante,
Sem corpo, sem carne, sem matéria...
Não tenho rotação
Que me permita
A mais suave permuta...
Uma massa pensante,
Presa, amordaçada, acorrentada...
Meu corpo dói!
O tempo não passa
E escorre pelas paredes
Meus silêncios de agonia!
Meu cérebro anda, corre,
Voa no lugar do corpo...
Surda, muda, cega!
Estou presa nessa gigantesca
Parede de tijolo ruído,
Que cai, aos pedaços,
Nos meus poucos sentidos...
Meu cérebro grita,
Esperneia no meu corpo
Engessado de concreto!
A voz da minha dor,
o grito do que eu sou...
A FÊNIX A TUA PROCURA, LIBERTA EM SUA ALMA.....
CORRENTES QUE ME PRENDEM E SILENCIAM MEU GRITO...

CRONOS

Amanheceu... É dia!
Não que eu consiga,
Na minha parca visão,
enxergar a luz do sol...
Isso não é para mim,
Isso não me pertence...
Estou viva! É só o que sei!
As dores aumentam mais...
E Cronos esqueceu de fazer
Com que o tempo ande
Para que minhas torturas amorteçam...
Cronos, o pai do tempo
Que deu os braços amorosamente
Para os meus martírios diários...
Mas sinto que é dia!
Meus sentidos me dizem isso!
Tenho que sobreviver
Se quiser viver
Para que meus passos,
Hoje cortados e cerceados,
Atinjam a liberdade
De cantar e gritar
A fênix que existe e
Sobrevive para te alcançar...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

AR RAREFEITO

Ar rarefeito...
Paredes ruídas...
Silêncio tenebroso...
Gotas de suor...
O corpo estremece
Na imobilidade seca
Do molhado que pinga da pele que escorre...
É a dor que vem,
Pura, forte, objetiva
Sem palavras denotativas
Que arremessam na ilusão...
É ela só na escuridão...
Sussurro de urro
Agoniado de perdão
E uivado no coração
Que arrebenta de dor
Por não poder bombear
Seus movimentos...
Silêncio, imobilização...
Dor que ecoa nas vidraças
E paredes dessa prisão
FÊNIX RENASCENDO DAS CINZAS...

FÊNIX APRISIONADA

Conta uma lenda, que um dia, a milhares e milhares de anos, houve uma Fênix. Ela era linda! Ágil e liberta em seu vôo... Percorria a imensidão dos céus com a força e a garra da esperança... Tinham-lhe dito que encontraria a sua irmã de alma... E atrás dela galgava todos os percalços e agruras do mundo... O tempo ia passando e lá longe, muito longe, ela viu um outro ser alado sobrevoando pelos ares... Não pensou duas vezes... Sentia,pelo seu coração, que aquele ser era o tão procurado ser alado... Inocente Fênix! Não sabia que para cada felicidade um preço seria cobrado... Ela teria que morrer e renascer das suas próprias cinzas se quisesse realmente ser feliz... E foi o que ela fez. Morreu e por muitos anos viveu como cinza para despertar na sua liberdade, ao lado de quem escolheu... Hoje, viva, vive na masmorra liquefeita da sua escolha. Sem a liberdade conhecida pelos homens... Mas na sua liberdade, mais livre que qualquer liberdade, pois ao lado de quem a aprisiona, para que ela voe cada vez mais alto e, libertamente, voe para o ser alado...