sábado, 5 de março de 2011

RETAS

uma linha imaginária corta o espaço...
reta no ângulo geométrico de noventa graus...
seca, fria, inviolável no seu obtuso
raciocínio traumático e culposo....
gira o mundo e gira a vida
em trezentos e sessenta graus
que pedem a revisão do produto pronto...
mas o ângulo retilíneo segue reto
na sua decisão obtusa do não conserto....
musicalidade que se perde
no ar nebuloso do desejo....
as quedas acontecem de maneira
caminhadamente corretas nas estradas
que se bifurcam pedindo emendas...
mas a reta continua seu caminho
completamente surda aos apelos
advindos da orquestra imaginária...
os cometas cortam o espaço
procurando a matéria viva
para tocarem, cheirarem, sentirem
a existência humana indefinida,
amorfa, invisível, incolor
que procuram desesperadamente
no caminho dessa reta obtusa...
até quando o tempo continuará?
até quando a reta caminhará tão reta?
um movimento curvilíneo vivo
que amarre, dobre, enlace
a atmosfera que respira e sussurra
pela carne suspirante do toque...
Clamor! Fogo! Entranha!
retas reais e não imaginárias...

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