sábado, 18 de setembro de 2010

Deus! Que dor!
Não consigo mais pensar senhora!
Com essa dor que me trucida,
que mata a minha carne,
massacra meus sentidos...
Meus sentidos atentos as suas ordens...
Crueldade atroz,
crueldade que me excita,
crueldade que me desespera,
crueldade que me aproxima de ti,
do querer e do não querer,
do desejar e não desejar,
na unicidade e na duplicidade...
Dor e prazer,
delírio e êxtase,
sem noção mais de querer
limites, distâncias...
Dor! Só dor que anestesia,
que sangra e devora...
Misericórdia para uma cadela,
piedade para a tua cadela!
Eu me quedo a teus pés
e ofereço-te essa dor em sinal de devoção,
para que possas ter a misericórdia
de a aceitares!
E ofereço-te meu pranto,
meu sofrimento,
só para obter tua misericórdia!
Escuta-me senhora!
Ouça meu latido!
A Senhora quer meu desespero?
Ele é Teu. A minha agonia também.
A minha sanidade?
A minha loucura?
Eu dou Senhora.
Antes que me mande, eu as ofereço,
me antecipo as Tuas vontades.
Ofereço tudo alegremente e desesperadamente,
porque a Tua vontade supera a minha dor!
Passo por cima dela para me devotar a Tua vontade,
na espera da Tua misericórdia!
Estou tremendo,
estou me tremendo toda!
Que opção, que escolha!
Trocar a dor pela dor!
Seja feita a Tua vontade Senhora! Eu troco.
Obrigada
Por Tua misericórdia!
Obrigada por me dar o privilégio de me usar!

Estou vazia. Um frio me percorre por dentro. É um iceberg que me
devora. Pai, que dor! Essa dor me faz dobrar e cair nos labirintos
desconhecidos do sofrimento. São agulhas espetando minha alma e
esmagando todo o meu sentimento. Misericórdia Pai! Essa dor dói
demais! Me transforma em granito que se despenca das minhas
entranhas... Fecho meus olhos e sinto apenas a batida descompassada do
meu coração. Sinto o desfalecimento que precede a morte que mata o
desejo. Posso ouvir os cacos de vidro... É meu coração se partindo por
não poder te alcançar. Tento içar vôo, mas meus pés estão pesados. É
só deserto ao redor nessa fúria que vem de dentro e explode fora.
Piedade Pai!  Mas o frio é tão cortante que minha alma endurece e se
curva de medo. Perdão Pai por esse medo que me sufoca e me faz girar
sem rumo ao encontro de nada! Eu procuro o caminho, procuro o Teu
caminho que me partiu ao meio da morte e da vida! Tu que me
aprisionaste na necessidade de ser Tua e me deste a liberdade de
escolher ser Tua. Estou partida e cheia de dor dessa tristeza que
devora como um verme rastejante. Frio... Está tão frio sem o
merecimento da Tua voz sibilante dentro de mim. Um porto navegante que
não alcança o céu para transformar a  terra... Que dor de me saber
nada sem favor e sem perdão porque na solidão enterrou o prazer da
entrega... Para que, se nada sirvo? Nem sirvo para servir o que sirvo
por amor! Pai, piedade dessa alma andante, sem vergonha e sem pudor,
que pede perdão ao perdão por ter querido ser Tua! Hoje está frio e
estou triste no tártaro da minha pele e no desejo de te desejar... Que
dor, meu Deus! E te amar assim em meio a dor, morrendo todos os dias e
ressuscitando no vento... Transformar-me nesse vento e dançar-Te a
minha vida que com tanta devoção lhe ofertei... Talvez não a tome
mais, talvez não a sinta mais... Mas de joelhos continuo na cruz da
espera... Me sacrifico aos Teus pés e a vida Te dou...


Senhora, misericórdia!
Senhora, piedade!
Por te amar tanto assim
Nesse desvario insano profundo...

Como a lenda de Pigmalião
Cria-me,
Modela-me,
Faça-me...

Não a tua semelhança,
Pois és única nesse caminho,
Mas ao teu desejo,
Mas ao teu prazer...

Misericórdia senhora,
Por querer-te tanto e tanto,
Que meu peito arfa
E minha pele arrepia...

Piedade senhora,
Por querer-te mais e mais
Nessa girândola de dor e prazer
Que me sufoca e me liberta...

Modela-me ao teu gosto
E transforma-me no nada, no vazio,
No objeto inanimado
Que se anima com as tuas mãos...

Sufoca-me e mata-me,
Ressuscita-me e me dê à luz
Pecadora e sacrossanta
Do algoz piedoso...

Grito! Grito seco e cortante
Pelas trevas luminosas
Dos raios e tempestades:
Misericórdia! Piedade!




terça-feira, 7 de setembro de 2010

Não me encoleiraste para me sufocares;

não me dominaste para me prenderes;

não me algemaste para me subjugares;

não me fizeste tua para me aviltares;

não me transformaste em uma cadela,

em tua cadela,

para que eu latisse sem noção...

Me fizeste prisioneira de ti

para que eu me libertasse de mim!

A tua morte sobre mim,

é tua dádiva sobre meu nascer...

Me aceitaste tua para que fosse do mundo,

como a cadela mulher, vadia e menina

livre de subjugos e conceitos

que revestem a ilusão humana...

Quiseste minha devoção

para que eu percebesse

o orgulho de ser inteira no que sou...

Descartaste meu amor,

porque amor julga,amor replica,

amor questiona e amor cobra...

Mas recebeste de braços abertos

a devoção da minha crença,

no mergulho intenso e pleno

de encontro ao que querias me mostrar...

Com isso, me fizeste mais tua,

porque me deste a liberdade de escolher,

sem ter que provar o que sou...

Acreditaste em mim, como acreditei em ti

pousando tua mão em meu coração

para que eu alçasse o vôo em direção ao infinito

e soubesse que minha morada e meu abrigo

sempre estará na minha escolha...

Nessa escolha que me torna íntegra,

inteira, plena e Tua!



Que animal eu sou?

Em que animal me transformaste?

Algo amorfo, sem definição,

acuado e tremendo,

imundo e babado,

preso na dor e na delícia,

inferno do desespero e paraíso de servir...

Baba pelo corpo misturada ao suor!

Animal esfacelado que se arde e que se queima,

passando pela resistência impossível de agradar...

Tudo me dói!

Minha boca aberta,minha língua presa e a baba escorrendo

pelo corpo, pela pele...

Desejo de estar presa e servil

na crueldade da vontade,

imobilizada, dolorida...

Mal posso me mexer!

De joelhos, aberta,queimando na dor...

Estou cheirando a cio,

estou fedendo a cuspe e saliva,

estou com febre! muita febre!

Sinto o cheiro exalar das entranhas...

Animal odiento querendo mais!

A dor sufoca e desfaleço...

Não consigo pensar mais!

Estou sufocando com a minha imundície!

Pior que uma cadela!

Algo inominável,sem nome, sem identidade,

algo pedinte,mendiga de misericórdia...

Animal entregue aos caprichos e desejos,

animal que desfalece e implora piedade!



Nunca pensei que pudesse sentir tanta dor!

Não falo de dor física,porque essa é fugaz!

Falo da dor de dentro, da dor da alma,

porque essa sim, marca como fogo no coração!

Estou aqui, subjugada e dominada,

me doendo mais que um animal no matadouro!

Eu estou em um matadouro!

E o pior, o que enlouquece, o que desespera,

consciente disso, sendo triturada

e navalhada com a opção de não ser...

Estou chorando agora e dizendo em meio

as lágrimas, obrigada por estares me usando,

com a sua indiferença de me deixares aqui,

te esperando, te suspirando, te desejando...

O teu uso de mim, seja como for, mesmo que tortura,

mesmo que punição, me deixa completa,

inflada, encharcada, molhada, alagada, excitada,

na dor que me excita porque te sei presente...

Tu me chamas de vadia! De cadela tua!

Isso basta... basta na imensidão que me invade!

Tua imbecil, analfabeta, objeto, monte de merda...

Cadela e vadia, puta ordinária que sou sem mentira!

Minhas máscaras caem para ti para que melhor me uses,

eu me dispo para que me devasses e me reveles

ao teu gosto e ao teu prazer!

Perscruto o caminho que te agradas,

para que tenhas orgulho de mim! E me calo,

a tua espera,para melhor lhe servir! Cadela tua!

Em prontidão quando me queres e me desejas!

Não preciso de público porque o espetáculo

não é o zoológico de pavões que se arvoram...

Me basta me saber tua, me saber receptáculo

dos teus desejos, furores, ódios e afagos...

Já me torna inteira, una, tua...

Toma-me Senhora! Eu te agradeço!

Obrigada! Obrigada! Obrigada!


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Deus que dor!



Não consigo mais pensar Senhora


com essa dor que me trucida,


que mata a minha carne,


massacra meus sentidos!


Meus sentidos atentos as suas ordens...


Crueldade atroz!


Crueldade que me excita,


crueldade que me desespera,


crueldade que me aproxima de ti!

Do querer e do não querer,

do desejar e não desejar,

na unicidade e na duplicidade...

Dor e prazer,

delírio e êxtase,

sem noção mais de querer...

Limites, distância...

Dor! só dor que anestesia,

que sangra e devora...

Misericórdia para uma cadela!

Piedade para a Tua cadela!

Eu me quedo a teus pés

e ofereço-te essa dor em sinal de devoção,

para que possas ter a misericórdia de a aceitares;

e ofereço-te meu pranto,

meu sofrimento,

só para obter Tua misericórdia!

Escuta-me Senhora!

Ouça o meu latido!

Eu lhe imploro humildemente por Tua piedade,

por tua complacência!

Tome tudo Senhora!





A Senhora quer meu desespero?

Ele é Teu. A minha agonia também.

A minha sanidade?

A minha loucura?

Eu dou Senhora.

Antes que me mande, eu as ofereço,

me antecipo as Tuas vontades.

Ofereço tudo alegremente e desesperadamente,

porque a Tua vontade supera a minha dor!

Passo por cima dela para me devotar a Tua vontade,

na espera da Tua misericórdia!

Estou tremendo,

estou me tremendo toda!

Que opção, que escolha!

Trocar a dor pela dor!

Seja feita a Tua vontade Senhora! Eu troco.

Obrigada

por Tua misericórdia!

Obrigada por me dar o privilégio de me usar!


Estou vazia. Um frio me percorre por dentro. É um iceberg que me

devora. Pai, que dor! Essa dor me faz dobrar e cair nos labirintos

desconhecidos do sofrimento. São agulhas espetando minha alma e

esmagando todo o meu sentimento. Misericórdia Pai! Essa dor dói

demais! Me transforma em granito que se despenca das minhas

entranhas... Fecho meus olhos e sinto apenas a batida descompassada do

meu coração. Sinto o desfalecimento que precede a morte que mata o

desejo. Posso ouvir os cacos de vidro... É meu coração se partindo por

não poder te alcançar. Tento içar vôo, mas meus pés estão pesados. É

só deserto ao redor nessa fúria que vem de dentro e explode fora.

Piedade Pai! Mas o frio é tão cortante que minha alma endurece e se

curva de medo. Perdão Pai por esse medo que me sufoca e me faz girar

sem rumo ao encontro de nada! Eu procuro o caminho, procuro o Teu

caminho que me partiu ao meio da morte e da vida! Tu que me

aprisionaste na necessidade de ser Tua e me deste a liberdade de

escolher ser Tua. Estou partida e cheia de dor dessa tristeza que

devora como um verme rastejante. Frio... Está tão frio sem o

merecimento da Tua voz sibilante dentro de mim. Um porto navegante que

não alcança o céu para transformar a terra... Que dor de me saber

nada sem favor e sem perdão porque na solidão enterrou o prazer da

entrega... Para que, se nada sirvo? Nem sirvo para servir o que sirvo

por amor! Pai, piedade dessa alma andante, sem vergonha e sem pudor,

que pede perdão ao perdão por ter querido ser Tua! Hoje está frio e

estou triste no tártaro da minha pele e no desejo de te desejar... Que

dor, meu Deus! E te amar assim em meio a dor, morrendo todos os dias e

ressuscitando no vento... Transformar-me nesse vento e dançar-Te a

minha vida que com tanta devoção lhe ofertei... Talvez não a tome

mais, talvez não a sinta mais... Mas de joelhos continuo na cruz da

espera... Me sacrifico aos Teus pés e a vida Te dou...


Senhora, misericórdia!

Senhora, piedade!

Por te amar tanto assim

Nesse desvario insano profundo...



Como a lenda de Pigmalião

Cria-me,

Modela-me,

Faça-me...



Não a tua semelhança,

Pois és única nesse caminho,

Mas ao teu desejo,

Mas ao teu prazer...



Misericórdia senhora,

Por querer-te tanto e tanto,

Que meu peito arfa

E minha pele arrepia...



Piedade senhora,

Por querer-te mais e mais

Nessa girândola de dor e prazer

Que me sufoca e me liberta...



Modela-me ao teu gosto

E transforma-me no nada, no vazio,

No objeto inanimado

Que se anima com as tuas mãos...



Sufoca-me e mata-me,

Ressuscita-me e me dê à luz

Pecadora e sacrossanta

Do algoz piedoso...



Grito! Grito seco e cortante

Pelas trevas luminosas

Dos raios e tempestades:

Misericórdia! Piedade!


Estou aqui, acorrentada, amordaçada, sem poder me mover... Sem poder fazer eco à minha voz que grita e chora... Estou presa, indissoluvelmente... Apenas meus pensamentos giram e dão voltas e uivam... Sem voz para gritar, sem voz para chamar e implorar a quem procuro... Na escuridão, sozinha.... Consigo visualizar um vulto... Ali onde a espada está enterrada... Visão de mim.... Meus pensamentos tomam forma em uma voz que consegue falar.... Essa voz gritará por mim.... Ela será meus pensamentos.... Clamará por ti, gritará por ti... Não sou mais nada... Fui reduzida apenas a um farrapo... Meu destino está nas tuas mãos....
Assim como a flecha certeira nas mãos do arqueiro, tomaste posse, mansamente, da minha alma, dos meus desejos, dos meus sentimentos. Tornas-te meu lenitivo, meu destino, meu objetivo. Transformas-te no centro nervático de minhas ações e minhas ternuras. Pegaste em minhas mãos e me conduzis-te aos céus e aos infernos, fazendo-me experimentar o néctar e o veneno. Fizeste-me encontrar com deuses e demônios renascidos com o éter da existência. Curvei-me as tuas vontades, assim como se curva ao seu Deus único e soberano. Esqueci-me de mim para surgir em ti no movimento intenso das ondas do mar. Tornaste-me tua, inteira e sem reticências. De olhos fechados concedi-me a ti como um gesto de ambrosia. Meu espírito habita em teus pensamentos assim como meu coração mora em teus desejos. Tomaste posse daquilo que sou! Inteira, total, íntegra e uma... Sempre, agora, no instante-já do amor que já não é meu, mas único e exclusivamente teu!



E hoje é um dia especial. Especial para os meus sentimentos. Um dia em que me conscientizei, de corpo e alma, que te pertenço. Meu desejo e meu prazer só estão vivos se forem os teus. Muitos quiseram destruir essa certeza óbvia. E cada vez mais essas tentativas me aproximaram mais de ti, a quem escolhi para reger meu destino. Porque entreguei-me em tuas mãos para que me modelaste ao teu gosto. E cada vez mais, mergulho em ti, sem querer saber o que encontrarei no térreo. Cada vez mais minha confiança aumenta e faz com que minha entrega se torne absoluta. Tu soubeste compreender minhas hesitações, minhas inseguranças, meus atordoamentos e me conduziste para dentro de ti. Aí é meu lugar, aí é minha morada, seja na dor ou no prazer. Eu pertenço a ti. E nada nem ninguém me afastarão de ti!



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

FOGO............................
FOGO.................
FOGO..................

fogueira

o frio raspa os cascalhos,

acendendo a fogueira da dor,

que transpassa os concretos

das paredes que me cercam...

a ventania uiva no fogo

que incendeia a matéria do corpo,

ardendo no sopro da fresta

que o ar da maresia invade...

uma luz na sombra escura

da faísca que chispa

na pontada de carne que desponta

como fogo de incêndio...

a água escorre no labirinto

das gotas que vão escorrendo

do suor cruel que machuca...

cada poro grita silenciosamente

a cada segundo do instante...

parado, imobilizado, estático

da dor que sufoca e arrebenta

em busca de piedade...