quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PAREDES

Estou encarcerada...
Quatro paredes me cercam...
Não há nenhum ruído...
Só os que ouço muito distantes...
Algumas vozes distorcidas,
A água que pinga,
Passos que se aproximam e,
Ao mesmo tempo, se afastam...
Perdi a noção das horas,
Do tempo, do dia e da noite...
Esqueci o cheiro da relva
E das flores e da terra...
Só sei dos outros odores
Que me tocam na escuridão...
Fedores, cheiros fétidos...
E assim eu grito,
Já na voz que não tenho,
Pelas palavras que apenas balbucio...
Esses sons batem nas paredes
Com um jogo pingue-pongue,
Fazendo eco nos ladrilhos
Da minha própria alma....
Tentam atravessar as grades
Que trancam a janela da liberdade...
Elas voltam para dentro
E empalam minha garganta...
Trazem a luz e a treva!
Trazem o grito!
O grito que ecoa...
O grito do infinito!

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