terça-feira, 7 de setembro de 2010

Que animal eu sou?

Em que animal me transformaste?

Algo amorfo, sem definição,

acuado e tremendo,

imundo e babado,

preso na dor e na delícia,

inferno do desespero e paraíso de servir...

Baba pelo corpo misturada ao suor!

Animal esfacelado que se arde e que se queima,

passando pela resistência impossível de agradar...

Tudo me dói!

Minha boca aberta,minha língua presa e a baba escorrendo

pelo corpo, pela pele...

Desejo de estar presa e servil

na crueldade da vontade,

imobilizada, dolorida...

Mal posso me mexer!

De joelhos, aberta,queimando na dor...

Estou cheirando a cio,

estou fedendo a cuspe e saliva,

estou com febre! muita febre!

Sinto o cheiro exalar das entranhas...

Animal odiento querendo mais!

A dor sufoca e desfaleço...

Não consigo pensar mais!

Estou sufocando com a minha imundície!

Pior que uma cadela!

Algo inominável,sem nome, sem identidade,

algo pedinte,mendiga de misericórdia...

Animal entregue aos caprichos e desejos,

animal que desfalece e implora piedade!



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