segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Estou vazia. Um frio me percorre por dentro. É um iceberg que me

devora. Pai, que dor! Essa dor me faz dobrar e cair nos labirintos

desconhecidos do sofrimento. São agulhas espetando minha alma e

esmagando todo o meu sentimento. Misericórdia Pai! Essa dor dói

demais! Me transforma em granito que se despenca das minhas

entranhas... Fecho meus olhos e sinto apenas a batida descompassada do

meu coração. Sinto o desfalecimento que precede a morte que mata o

desejo. Posso ouvir os cacos de vidro... É meu coração se partindo por

não poder te alcançar. Tento içar vôo, mas meus pés estão pesados. É

só deserto ao redor nessa fúria que vem de dentro e explode fora.

Piedade Pai! Mas o frio é tão cortante que minha alma endurece e se

curva de medo. Perdão Pai por esse medo que me sufoca e me faz girar

sem rumo ao encontro de nada! Eu procuro o caminho, procuro o Teu

caminho que me partiu ao meio da morte e da vida! Tu que me

aprisionaste na necessidade de ser Tua e me deste a liberdade de

escolher ser Tua. Estou partida e cheia de dor dessa tristeza que

devora como um verme rastejante. Frio... Está tão frio sem o

merecimento da Tua voz sibilante dentro de mim. Um porto navegante que

não alcança o céu para transformar a terra... Que dor de me saber

nada sem favor e sem perdão porque na solidão enterrou o prazer da

entrega... Para que, se nada sirvo? Nem sirvo para servir o que sirvo

por amor! Pai, piedade dessa alma andante, sem vergonha e sem pudor,

que pede perdão ao perdão por ter querido ser Tua! Hoje está frio e

estou triste no tártaro da minha pele e no desejo de te desejar... Que

dor, meu Deus! E te amar assim em meio a dor, morrendo todos os dias e

ressuscitando no vento... Transformar-me nesse vento e dançar-Te a

minha vida que com tanta devoção lhe ofertei... Talvez não a tome

mais, talvez não a sinta mais... Mas de joelhos continuo na cruz da

espera... Me sacrifico aos Teus pés e a vida Te dou...


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